É incrível como brasileiro gosta de celular dual chip. Sempre que alguém me vê com um aparelho novo, a primeira pergunta é: "É dual chip?" (e a segunda é: "Tem TV?"). No início, só encontrávamos aparelhos com dual chip vindo dos fabricantes xing-ling, e até demorou um pouco até que os grandes fabricantes percebessem essa nossa necessidade, mas finalmente começaram a lançar aparelhos com esse recurso. Porém, nenhum desses aparelhos era um smartphone, mas sim celulares simples com poucos recursos.
Isso só veio a mudar quando a LG lançou no Brasil o Optimus Net Dual, um smartphone Android com suporte a 2 chips. Agora Motorola e Samsung se apressam para lançar seus smartphones dual chip para conquistar este mercado. E finalmente pude colocar as mãos no aparelho da Motorola e registrar minhas impressões, que vocês verão a seguir:
Especificações:
Tela LCD capacitiva dual touch de 2.8" com resolução de 320x240 e 262 mil cores
Processador ARM versão 6 de 800Mhz
Chip gráfico Adreno 200
Memória RAM de 512MB
Memória interna de 157MB (para armazenamento de aplicativos)
Suporte a cartão de memória de até 32GB (cartão de 2GB incluso)
Android versão 2.3.7
Câmera de 3.1 Megapixels sem flash e filmagem em até 640×480 a 15 quadros por segundo
Suporte a 2 chips simultâneos quad-band
Wi-fi b/g/n, bluetooth 3.0, 3G (apenas no chip 1)
Bateria de 1390 mAh
Medidas: 116,5x58x13,45mm
Peso: 110 gramas
Design
O Fire é um aparelho que nas fotos parece ser maior do que realmente é. Ele é um pouquinho maior que o LG Optimus Dual e um pouquinho gordinho, mas tem uma boa pegada. Para não manter um tamanho grande demais, a Motorola colocou uma tela um pouco menor (2.8") e um teclado pequeno, mas cuja digitação ficou mais prejudicada por causa do formato das teclas do que pelo tamanho. O aparelho é todo revestido em plástico, sendo que na parte da frente existe uma borda muito bonita que imita o metal. A traseira é formada por uma tampa de plástico que dá uma sensação de ser emborrachada.
O destaque em sua aparência é o teclado físico, que o ajuda a distinguir de outros aparelhos, principalmente aqueles com sistema Android.
Tela
Tela
No papel, sua tela não tem nada de especial, muito pelo contrário, parece ser simples até demais, com seu tamanho de apenas 2.8" e resolução de 240x320. Porém, ela não é tão inferior à tela do Optimus Net e é consideravelmente melhor do que as telas de outros aparelhos Motorola do mesmo segmento, como o Spice XT300 e o MB 502. É possível visualizar bem os ícones, letras e outros elementos da tela e até cheguei a pensar que a resolução seria maior do que esta.
Mas mesmo assim não deixo de pensar qual seria o motivo para a Motorola não adotar de uma vez por todas uma tela com resolução melhor, como 320x480.
A tela é do tipo capacitiva e suporta multi touch com até dois pontos simultâneos. Jogos onde é necessário uma combinação de 3 botões pressionados, ela não irá funcionar. Mas acredito que esse tipo de jogo nem é adequado para uma tela pequena...
Desempenho
Aqui eu realmente fiquei surpreso! Depois de ler que em alguns sites que o Fire tinha apenas 256MB de RAM e um processador de 600Mhz e então descobrir que ele tem na verdade 512MB de RAM e um processador de 800Mhz, posso dizer que foi uma feliz surpresa. E isso fez uma grande diferença no desempenho do aparelho, que executa muito bem tarefas como jogos, navegação e aplicativos. Dar zoom numa página web pelo navegador é bastante rápido e ele roda a maioria dos jogos do market numa boa. Ele até me pareceu mais rápido do que o Optimus Net Dual, talvez por ter uma tela com resolução menor, fazendo com que o processador e a GPU processem menos pixels. E falando em GPU, ele possui a ótima Adreno 200, que no geral dá conta do recado.
No teste sintético Quadrant, ele obteve em torno de 1100 pontos.
Interface
A Motorola continua usando o Motoblur em seus aparelhos, porém é uma versão menos intrusa que, por exemplo, não pede que se realize o cadastro de uma conta para poder usar o aparelho. Ela nem está mais usando o nome Motoblur em sua interface e em lugar nenhum aparece alguma referência à ela. Mas ela continua semelhante à interface do Spice... Mas nada impede de usar um outro launcher, como os excelentes Go Launcher, ADW Launcher ou Launcher Pro.
O Fire está usando a versão mais atualizada do Android Gingerbread: a 2.3.7. Esta provavelmente será a ultima versão, já que o Google lançou a versão 4.0 do Android, que provavelmente não estará disponível para o Fire através de atualização oficial.
Câmera
O Fire vem com uma câmera de 3.1 megapixels sem flash e sem auto-foco. Suas fotos são apenas medianas, servido de quebra-galho quando não há uma câmera melhor disponível. Na verdade, a câmera dele não é muito diferente a de outros aparelhos da mesma categoria. Mas a Motorola poderia pelo menos ter adicionado o foco automático, principalmente se considerarmos o preço do aparelho. Abaixo coloquei algumas fotos tiradas por ele.
Som
Não há muito a dizer neste quesito. Achei o som dele um pouco baixo e com tendência a "estourar" quando está no máximo. Para ouvir músicas nele, o melhor é usar um fone de ouvido.
Bateria
O Fire vem com uma bateria de 1390 mAh, que é exatamente a mesma dos Motorola Milestone 1 e 2. Usando moderadamente, ela está durando em torno de 7 e 8 horas, nada muito especial.
Chamadas
Gostei muito da qualidade das chamadas deste aparelho, sempre bastante nítidas. Porém, fiquei um pouco preocupado com a qualidade do sinal. Já aconteceu umas 3 vezes do aparelho ficar sem sinal nenhum, nos dois chips. Após colocar no modo avião e tirar em seguida, os dois sinais voltaram. O difícil é dizer se o culpado é o aparelho ou a rede da TIM, que ultimamente está extremamente instável (os dois chips que estou usando são TIM).
Dual mode
Aqui vou procurar explicar algo muito importante sobre os celulares dual chip que testei. Os 2 chips só ficam disponíveis para receber chamada quando um deles não está em uso. Por exemplo, se você fizer ou receber uma ligação no chip 1, o chip 2 ficará inativo. Durante esse período, se alguém ligar para o chip 2, este dará caixa postal. Da mesma forma, o chip 1 ficará inativo quando o chip 2 estiver em uso.
Os dois chips podem ser utilizados para acesso à dados. Porém, apenas o chip 1 suporta as redes 2G (edge) e 3G. O chip 2 só suporta a rede 2G.
E mais um ponto importante: Se você estiver usando dados no chip 1 (baixando um arquivo ou navegando na internet, por exemplo), o chip 2 também ficará inativo nesta situação. Eu tive uma dificuldade maior para perceber isso porque recebia ligações no chip 2 durante a navegação. Mas isso acontece porque nem sempre o chip tá enviando ou recebendo dados durante a navegação. Mas ao fazer um download, onde o chip está recebendo dados o tempo todo, pude confirmar que o outro chip fica inativo.
Teclado
Aqui foi uma pequena decepção que tive com esse aparelho. O teclado é muito bonito, com um visual diferenciado e, apesar das teclas pequenas, parecia ser fácil de digitar nele. Mas o problema é justamente o formato das teclas. Elas possuem um relevo irregular e ao encostar o dedo nelas, sentimos apenas um "pedaço" da tecla. É como se cada tecla ficasse menor do que é ao tocá-las. Como resultado, a digitação se torna bem menos ágil do pensei inicialmente. Claro que esta é uma opinião minha, uma pessoa acostumada a digitar usando o teclado do Nokia E63 (um excelente teclado, por sinal). Pode ser que você se adapte melhor ao teclado do Fire. Se o teclado físico é o item mais importante pra você, recomendo experimentar o teclado o Fire numa loja antes de comprar. Mas em todo o caso, um teclado físico sempre é bom.
Similares
Temos como principais rivais do Motorola Fire o LG Optimus Net Dual, que mostrou ser um ótimo aparelho e é encontrado por um preço em conta (já é possível encontrá-lo por até) 530 reais. Ele tem uma tela maior (3.2"), mas não possui teclado físico, e digitar nele é um pouco complicado... A Samsung também está para lançar dois aparelhos Android dual chip, um sem teclado físico e tela maior e outro com teclado físico e tela menor. Também existe o ZTE V821, com tela resistiva de 2.4", sem 3G e com bateria de apenas 1000mAh, mas com preço mais em conta, por volta de 350 reais.
Conclusão
Finalmente os fabricantes responderam aos anseios dos consumidores de possuírem um smartphone dual chip, lançando seus primeiros aparelhos no mercado. O Motorola Fire vem dar trabalho ao LG Optimus Net Dual, que praticamente reinava sozinho nesta categoria. O problema é o preço salgado de lançamento, por volta de 700 reais, bem mais caro que o aparelho da LG, sendo que o único diferencial é o teclado físico, que foi um tanto decepcionante para digitação. Mas para quem não abre mão de um teclado físico (conheço muitas pessoas assim), por enquanto ele é a única opção, algo que a Samsung promete mudar em breve.
Quanto à função Dual Chip, só recomendo às pessoas que possuem dois chips, mas que usa pouco o chip 2, pois do contrário um deles ficará a maior parte do tempo desativado e poderá trazer mais problemas do que solução. Eu enxergo esse aparelho como ideal em situações como aquela em que a pessoa possui 2 chips de operadoras diferentes para poder utilizar as promoções de cada uma delas, mas cujas ligações recebe na maioria em um dos chips apenas.
Ótima review, obrigado.
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